Da editora Everest e com ilustrações de Catarina Cardoso, aqui está um livro que me fez recordar os meus tempos de menina pois é composto por textos populares da nossa tradição oral, textos esses que por vezes caem um pouco no esquecimento. Quem não se lembra...
Vozes do Alfabeto, de João Pedro Mésseder, reúne cerca de três dezenas de poemas. São versos preferencialmente destinados a crianças em fases iniciais de aprendizagem da leitura e da escrita, ou seja, em idade de frequentar o 1º ciclo do Ensino Básico. A cada letra corresponde um texto, por vezes dois. Se aqui o poema se assemelha a uma micro-história em verso, acolá encena um pequeno episódio burlesco; e outros há que se mantêm num registo lírico. Organizados de acordo com a ordem das letras no alfabeto (primeiro o poema centrado no A, depois no B, depois no C, e assim sucessivamente), inspiram-se no trava-línguas da tradição oral. Deste modo, a simplicidade da linguagem, ao alcance da capacidade de compreensão da criança, vê-se literariamente compensada pelo recurso à aliteração, à assonância, à anáfora, ao jogo linguístico e a outros elementos expressivos. Rimados e ritmados, facilmente memorizáveis, os textos permitem, se lidos em voz alta, activar a atenção auditiva e concorrem para o desenvolvimento da consciência fonológica, sem nunca abdicarem da dimensão lúdica e do humor que são traços distintivos deste livro, profusamente ilustrado com imagens de assinalável qualidade..
Aqui ficam alguns exemplos.
Rói o rato a raiva de
não poder roer a rolha,
pois tem os dentes furados
de roer os rebuçados
do rei e da rainha da Rússia.
Cacto casa cana e corte
cume cone e cadeirinha
comichão e canivete
carapau e carapinha.
Que bom é rentabilizar os momentos de lazer com leituras e reflexão sobre as mesmas! Não importa o género. O que importa é não o fazer só para si, é divulgá-lo aos outros. E é isso que fazes, Raquel! É preciso é que os outros estejam atentos, porque os livros não mudam o mundo, mas mudam as pessoas que podem mudar o mundo.
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Beijinhos.
Gostei imenso do teu trocadilho. É bem verdade, desde que as pessoas estejam abertas à mudança. E como eu não quero ser uma professora «da era de mil novecentos e carqueija» vou tentando mudar com a ajuda preciosa de pessoas como tu.
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